O luxo sem etiqueta

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O LUXO SEM ETIQUETA

O cara desce na estação do metrô de NY vestindo jeans, camiseta e boné,encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes,ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo,um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares.

A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro,copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

Conclusão: Estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife.
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Colaboração:
Francisco de Assis Leonel – São Paulo-SP
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Mensagem Espírita

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Mensagem Espírita

“Para mim, as diferentes religiões são lindas flores, provenientes do mesmo jardim. Ou são ramos da mesma árvore majestosa. Portanto, são todas verdadeiras.
A frase que você acabou de ouvir foi dita por uma das mais importantes personalidades do século vinte: Mahatma Gandhi.
Veja quanta sabedoria nas palavras do homem que liderou a independência da Índia sem jamais recorrer à violência.

Nos tempos atuais, são raros os que realmente têm uma posição como a de Gandhi, que manifestava um profundo respeito pela opção religiosa dos outros.
Muitos acreditam que sua religião é superior às demais. Acreditam firmemente que somente elas estão salvas, enquanto todos os demais estão condenados.
Pouquíssimos pensam na essência da mensagem que abraçam, já que estão muito preocupadas em converter almas que consideram perdidas.

E, no entanto, Deus é Pai da Humanidade inteira. Todos nós temos a felicidade de trazer, em nossa consciência, o sol da Lei Divina. Ninguém está desamparado.
De onde vem, então, essa atitude preconceituosa, exclusivista, que nos afasta de nossos irmãos?
Vem de nosso pensamento limitado e ainda egoísta. Quase sempre o homem acredita que tem razão.

Imagina que suas opiniões, crenças e opções são as melhores. Você já notou que a maior parte das pessoas acha que tem muito a ensinar aos outros?
É que, em geral, as pessoas quase não se dispõem a ouvir o outro: falam sem parar, dão opiniões sobre tudo, impõem sua opinião.

São almas por vezes muito alegres, expansivas, que adoram brincar. Chamam a atenção pela vivacidade, pelos modos espalhafatosos, pelas risadas contagiantes e pelas conversas em voz alta.

Mas são raras as vezes em que param para escutar o que o outro tem a dizer.
Como são crianças um tanto egoístas, para quem o mundo está centrado em si ou na satisfação de seus interesses.

É uma atitude muito semelhante a que temos quando acreditamos que o outro está errado, simplesmente por ser de uma religião diferente. É que não conseguimos parar de pensar em nossas próprias escolhas.

Não estudamos a religião alheia, não nos informamos sobre o que aquela religião ensina, que benefícios traz, quanta consolação espalha.
Se estivéssemos envolvidos pelo sentimento de amor incondicional pelo próximo, seríamos mais complacentes e mais atentos às necessidades do outro.
E então veríamos que, na maioria dos casos, as pessoas estão muito felizes com a sua opção religiosa.

A nossa religião é a melhor? Sim, é a melhor. Mas é a melhor para nós.
É obvio que gostamos de compartilhar o que nos faz bem. Ofertar aos outros a nossa experiência positiva é uma atitude louvável e natural.
Mas esse gesto de generosidade pode se tornar inconveniente quando exageramos.
Uma coisa é ofertar algo com espírito fraternal, visando o bem. Mas diferente quando desejamos impor aos demais a nossa convicção particular.
Se o outrro pensa diferente, respeite-o! Ele tem todo o direito de fazer escolhas. Quem de nós lhe conhece a alma? Ou a bagagem espiritual, moral e intelectual que carrega?

Deus nos deu nosso livre arbítrio e o respeita. Por que não imitá-lo?
Enquanto não soubermos amar profundamente o próximo, respeitando-lhe as escolhas, não teremos a atitude de amor ensinada por todas as religiões e pelos grandes Mestres da Humanidade.
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Autor: não identificado
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Fonte:
http://www.ilustrado.com.br/noticias.php?edi=260409&id=00000017
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Padre, você é feliz?

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Padre: você é feliz?

As recentes revelações sobre os casos de paternidade do ex-bispo católico e atual presidente do Paraguai, Fernando Lugo, lançam novamente na ordem do dia o debate sobre o celibato sacerdotal. Além disso, na pauta da reunião da CNBB, em São Paulo, nestes dias, está em destaque o tema da elaboração das novas diretrizes para a formação dos futuros presbíteros. O texto está estruturado em três grandes partes, abordando os fundamentos da formação dos padres, o período do seminário e a formação permanente. As novas diretrizes continuam contemplando a formação do presbítero segundo as cinco dimensões: humano-afetiva, comunitária, espiritual, intelectual e pastoral. Destaca-se a ligação entre todas elas e a consideração do presbítero como pessoa humana, ressaltando-se a sua dimensão humano-afetiva, com o acento de que esta sempre necessita se completar com as demais.

Sabemos que há muito tempo a Igreja vem sofrendo uma enxurrada de críticas a respeito do celibato sacerdotal até porque em nosso mundo a revolução sexual dos anos 60 modificou tremendamente uma série de princípios e fez de fato uma revolução nos costumes e na moral sexual.

Até então a sexualidade humana era vista dentro de padrões rígidos, fechados, dominada por uma moral que considerava o sexo tabu e onde parecia que a religião ou os preceitos religiosos reforçavam ainda mais essa ideia. Embalada por tantas mudanças, resumidas na famosa expressão “sexo, drogas e rock’n’roll”, a sociedade desde então não parou mais de mexer neste tema. E chegamos hoje a um outro extremo de tanta exposição e banalização que parece que o assunto “sexualidade humana”, paradoxalmente, está no mesmo extremo, ou seja, continua sendo um tabu.

Mas o que nos interessa aqui é exatamente ir às causas desta situação tão conturbada que envolve a sexualidade humana sem cairmos em soluções mágicas, modismos ou coisa parecida que pouco possa acrescentar à matéria. Tampouco aqui nos manifestamos para defender ou encobrir quem errou, afinal de contas, muitas vezes ouvimos em nossos ambientes de Igreja a famosa expressão “a Igreja é santa e pecadora”, para justificar os erros dos próprios cristãos, dos seus líderes, enfim, da Igreja. Mas esquecemos que o documento do Concílio Ecumênico Vaticano II Lumen Gentium assim escreve: “A Igreja é santa e necessitada de conversão”. É uma concepção diferente, porque nos mostra que não basta chorar o leite derramado, é preciso realmente conversão, mudança de vida, correção de rota quando se está no caminho errado. Não bastam justificativas vazias e desculpas esfarrapadas. Para quem quer seguir nos passos do Mestre e Senhor, Jesus Cristo, a caminhada é exigente, porque os valores a serem vividos realmente configuram uma transformação profunda.

Na verdade, tanto em relação ao ministério ordenado nos seus três graus – episcopado, presbiterado e diaconado – quanto no que diz respeito ao sacramento do matrimônio, quando tocamos no problema de infidelidade das pessoas nestes sacramentos (chamados de serviço), talvez não nos demos conta, mas a causa do problema nunca está relacionada diretamente aos ideais que são traídos nestas vocações, mas há um âmbito anterior que tanto para religiosos quanto para leigos não está sendo percebido adequadamente. Hoje, infelizmente, falta-nos a iniciação cristã. A secularização da sociedade, o avanço de tantas ideologias lançando o olhar humano só para o âmbito imanente da vida, a perda da tradição cristã, o desmantelamento da família, uma catequese pré-eucarística que não forma o adulto na fé e tantas outras deficiências na formação humana, cristã, espiritual e no quadro de valores, tudo isso tem deixado as pessoas numa verdadeira orfandade humana e espiritual, ou mais especificamente numa carência humano-afetiva.

Já diziam os medievais que “a graça supõe a natureza”, não adianta querer empurrar goela abaixo um ideal religioso ou seja qual for. Não se faz um cristão e um padre “a facão”. Como também não se forma um cidadão de bem da noite para o dia. Em nossa realidade, hoje, não há como fugir da tarefa de formar a pessoa humana, o cristão e aí, sim, o vocacionado específico, seja ele para o ministério ordenado, para a vida consagrada ou para a vivência como fiel cristão leigo.

Nesta formação cristã das pessoas e na dos futuros padres, não adianta encobrirmos o problema, ou melhor, a solução. Teremos que passar por um processo profundo e forte de iniciação cristã.

O verdadeiro problema não está na ponta, na consequência, como quando ouvimos a toda hora das pessoas o velho e batido chavão “se o padre casasse, nada desses problemas aconteceria”. Melhor nos corrigirmos na base e na origem de nossa formação humana e cristã enquanto a misericórdia divina nos dá esta chance. Aplicado esse processo, aí, sim, se poderá afirmar: o padre é uma pessoa feliz! E não só ele, como todo cristão e todo vocacionado.

Rogério Flores
Pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, de Viamão
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Fonte:
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2488472.xml&template=3898.dwt&edition=12189&section=1012
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A construção da crença

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A construção da crença

Ângela Bessa Linhares
25 Abr 2009

Imprimir Corrigir O que pode ser mais fantástico e inesperado para mim do que a realidade? – era a pergunta que o escritor Dostoievski se fazia. As problemáticas de hoje e as possibilidades da realidade conquistada socialmente são tão duras e severas como fantásticas e cheias de possibilidades de paz e bem; são, na verdade, complexas. São realidades que estão a exigir cada vez mais um encontro com a dimensão espiritual que todos temos.

Como se constrói a crença? – vemos muitas pessoas se perguntarem. Algumas falas, como ondas que vêm, nos mostram como algumas pessoas têm vivido esse caminho de construção da crença.

Outro dia ouvi, olha: – Tem um lugar do meu ser que eu sempre escuto, quando volto a mim. Meu eu se espalha o dia todo: entre panelas, meninos na escola e chuvas, consertos de canos e a rosa dália que plantei em um vaso da sala; tem uma hora que eu me procuro e não me acho entre meus sentidos ali. É então que eu me volto para uma espécie de eu mais profundo e vejo que tem um sentido espiritual que posso buscar. Quando estou muito afogada nas paixões e aperreios da lida do dia mesmo, sinto que esse sentido me foge e vem apenas como um relâmpago fugidio. Quando tento juntar os dois planos da vida, me percebendo como um ser espiritual para pensar minhas questões, parece que entro em uma construção que vou palmilhando como um caminho de sabedoria”.

León Denis nos lembra que a causa de nossas misérias morais é que pomos em oposição esses dois planos da vida ou focos psíquicos, como ele diz: o plano das vidas terrestres e o espiritual. Para identificar um com o outro, pode-se começar juntando nossa necessidade de justiça, nossas aspirações mais acalentadas, sonhos, sentimentos do belo e do bem, desejos de saber, a esse chamado “sentido íntimo” espiritual, que encerra nosso eu integral, como diz Kardec.

É que sob a superfície de nosso eu, agitado pelos temores e desejos, conflitos e esperanças, há um eu profundo onde se encontra nossa consciência integral, sede dos saberes e aprendizados que fizemos nas múltiplas reencarnações e nos períodos vividos entre uma reencarnação e outra. William James já observara: “Os prolongamentos do ‘eu’ consciente dilatam-se muito além do mundo da sensação e da razão, em certa região que se pode chamar mística ou sobrenatural”. A região de onde Jesus, com sua pedagogia do amor, nos chama.

Na verdade, como diz o espírito André Luiz, psicografia de Chico Xavier, o que acumulamos em saber e amor, ao longo do tempo, se diz por meio de nossas tendências e faculdades, dificuldades e afetos, que nos apontam os aprendizados a fazer no agora. O que não aprendemos antes bate à porta como aprendizado a cobrar reflexão e ação; o que já sabemos vai impulsionando mais e mais nossa evolução.

O eu integral envolve a faculdade de perceber o mundo, de amar, sentir, pensar e querer, que acordam a nossa capacidade de sermos sujeito de escolhas afetivas e morais. Sabe-se que quanto maior a evolução do espírito, mais ele escolhe as formas e situações que vive na reencarnação terrestre. E, de algum modo, em geral, estudamos e escolhemos, antes de reencarnar, grande parte do que e como seriam nossos aprendizados fundamentais na reencarnação. O que não se pode esquecer é que os espíritos possuem graus de adiantamento, e o que não aprendemos agora o faremos depois; com dificuldades maiores, se deixamos se avolumar compromissos.

A crença se constrói cotidianamente; não é uma construção intelectual, somente, mas implica a (re)educação do sentimento e faculdades do ser imortal que somos.

A humanidade somos nós mesmos, os seres que ontem aqui estávamos e que voltamos para continuar nossa evolução pessoal e coletiva, muitas vezes mudando de lugar nas cenas da história.

Os impulsos de ontem vêm ao hoje para mudarmos, e não para nos vangloriarmos de nossa inferioridade. A vida de relação – conosco, com os objetos do mundo e com os outros, as esferas da educação, como diz Rousseau – nos chama a cumprir as experiências por meio das quais aprendemos a ser melhores. Já as noções elevadas da personalidade real – que vamos desenvolvendo como esse sentido íntimo, transcendente, que nos ajuda a nos percebemos como ser espiritual -, é um olhar lúcido da alma a desenvolver a cada passo. Estes três âmbitos da vida – impulsos, experiências e noções elevadas, que incluem os sentidos espirituais – correspondem no cérebro físico à região dos nervos, do córtex e dos lobos frontais, mas têm sede na alma; na verdade, são nosso passado (que vem como impulsos a elaborar), presente (experiências em curso) e futuro, respectivamente. A construção da crença se dá por meio dessa educação do ser vista em sua inteireza; e é trabalho inadiável de nossa evolução. Como temos alimentado em nós a construção da crença?

ÂNGELA BESSA LINHARESO – É membro da Federação Espírita do Estado do CE
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Fonte:
http://www.opovo.com.br/opovo/espiritualidade/873031.html
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